Caneta Tinteiro

Ela sempre sonhou com relacionamentos simples. Diz aos quatro ventos que gosta das coisas complexas, mas é sabido que ninguém gosta. E, por outro lado, não há nada mais complexo que a simplicidade. Embora tenha um jeito expansivo, implode quando sofre. E escreve. Na pena metálica de sua caneta tinteiro, desfia seu rosário de sonhos e tormentos. Rascunho.

Tem um amor. Daqueles amores convexos. E conexos. Tão conectado que não consegue esquecê-lo, mesmo depois de caminhar capítulos pelas linhas que escreve em seu caminho. A cada novo episódio, escrito com as tintas da expectativa, sempre há espaço para o romance antigo. Borrão.

Na sua coleção de escritos, tenta ser sempre certeira, embora saiba que a vida é uma roleta de emoções. Por querer tanto, às vezes não tem. Por viver tanto, às vezes vazia. Por sorrir tanto, às vezes chora. Rasura.

Livros. Estórias entre as pessoas podem ser comparadas aos livros. Alguns finos, outros robustos; alguns profundos, densos, outros rasos, superficiais; muitos artificiais, efêmeros e poucos duradouros e valiosos. Biblioteca.

Relacionamentos importantes tem o peso e a valia de um exemplar raro, como os de sebo. Ela sabe disso. E garimpa. E busca. Nem sempre acha, mas não desiste. Ainda quer encerrar aquele capítulo de forma definitiva. E quer começar o capitulo definitivo de sua forma. Índice.

Escrevendo e sentindo, ela vai vivendo e experimentando. Perdendo, ganhando, buscando seu tomo ideal. Esvaziando, estourando e recarregando as tintas de sua alma, na caneta tinteiro que interpreta e traduz os rabiscos da sua vida. Ponto final. [ou seria ponto e vírgula?]

2 opiniões sobre “Caneta Tinteiro

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